terça-feira, 11 de maio de 2010

Letras do 4 Album: 1992


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Sereno
Compositor: Oswaldinho da Cuíca


Sereno, serenou
Quem tem sereno nos olhos perdeu seu amor
Sereno, serenou
Sereno também é orvalho nos galhos da flor

O vento carrega a tristeza no colo do tempo
A noite parece um açoite que fere o luar
O brilho das estrelas de repente se apagou
Por isso é que eu canto serenou

Sereno, serenou
Quem tem sereno nos olhos perdeu seu amor
Sereno, serenou
Sereno também é orvalho nos galhos da flor

Nesta vida tudo passa, também passa a nostalgia
Passa o sereno que embala o poeta e também a alegria
Só não passa esta saudade que eu carrego noite e dia.




Tome Polca
Compositor: Luiz Peixoto / José Maria de Abreu


Um sarau
Na Rua Itapirú
Em casa das Novaes
O calor está abrasador
E tem gente demais
Mas tome polca

Num sofá
A dona Jacintinha
Faz bola de papel
E na janela de papelotes
A Berenice namorisca
Um curriel

À reclamar silêncio
Surge o seu Fulgêncio
Um de bom comendador
Sim, porque nesta altura
Chega o padre cura
Com o corregedor

Entra o Souza
Que vem pisando em ovos
Com as botas de verniz
Enquanto a esposa
De olhos em alvo
Fica torcendo os cabelinhos do nariz

Por trás de uma cortina
Vê-se a Minervina
Que é mais preta que um tição
E diz entre risadas
Quebra dona Alice
Quebra seu Beltrão


Rosa
Compositor: Otávio de Souza / Pixinguinha


Tu és divina e graciosa, estátua majestosa
Do amor, por Deus esculturada e formada com ardor
Da alma da mais linda flor de mais ativo olor
Que na vida é preferida pelo beija-flor

Se Deus me fora tão clemente aqui neste ambiente
De luz, formada numa tela deslumbrante e bela
Teu coração, junto ao meu lanceado
Pregado e crucificado sobre a rósea cruz do arfante peito teu

Tu és a forma ideal, estátua magistral
Oh alma perenal do meu primeiro amor, sublime amor
Tu és de Deus a soberana flor, tu és de Deus a criação
Que em todo coração sepultas um amor

O riso, a fé, a dor em sândalos olentes cheios de sabor
Em vozes tão dolentes como um sonho em flor
És láctea estrela, és mãe da realeza
És tudo enfim que tem de belo em todo resplendor da santa natureza

Perdão se ouso confessar-te, eu hei de sempre amar-te
Oh flor, meu peito não resiste, oh meu Deus, o quanto é triste
A incerteza de um amor que mais me faz penar em esperar
Em conduzir-te um dia ao pé do altar

Jurar aos pés do Onipotente em preces comoventes
De dor, e receber a unção da tua gratidão
Depois de remir meus desejos em nuvens de beijos
Hei de envolver-te até meu padecer de todo fenecer.



Bossa Medley
Compositor: Tom Jobim / Newton Mendonça - Tom Jobim

a - Samba de uma nota só

Eis aqui este sambinha, feito numa nota só
Outras notas vão entrar, mas a base é uma só
Esta outra é conseqüência, do que acabo de dizer
Como eu sou a conseqüência, inevitável de você

Quanta gente existe por aí
Que fala tanto e não diz nada
Ou quase nada
Já me utilizei de toda a escala
E no final não sobrou nada
Não deu em nada

E voltei prá minha nota, como eu volto prá você
Vou cantar com a minha nota, como eu gosto de você
E quem quer todas as notas, ré, mi, fá, sol, lá, si, dó
Fica sempre sem nenhuma, fique numa nota só.

b - Vivo sonhando

Vivo sonhando
Sonhando mil horas sem fim
Tempo em que vou perguntando
Se gostas de mim

Tempo de falar em estrelas
Falar de um mar, de um céu assim
Falar do bem que se tem
Mas você não vem, não vem

Você não vindo, não vindo a vida tem fim
Gente que passa sorrindo zombando de mim
E eu a falar em estrelas, mar, amor, luar.



Conversa de Botequim
Compositor: Valdico / Noel Rosa


Seu garçom faça o favor de me trazer depressa
Uma boa média que não seja requentada
Um pão bem quente com manteiga à beça
Um guardanapo e um copo d’água bem gelada
Feche a porta da direita com muito cuidado
Que eu não estou disposto a ficar exposto ao sol
Vá perguntar ao seu freguês do lado
Qual foi o resultado do futebol

Se você ficar limpando a mesa
Não me levanto nem pago a despesa
Vá pedir ao seu patrão uma caneta, um tinteiro
Um envelope e um cartão
Não se esqueça de me dar palitos
E um cigarro pra espantar mosquitos
Vá dizer ao charuteiro que me empreste umas revistas
Um isqueiro e um cinzeiro

Seu garçom faça o favor de me trazer depressa
Uma boa média que não seja requentada
Um pão bem quente com manteiga à beça
Um guardanapo e um copo d’água bem gelada
Feche a porta da direita com muito cuidado
Que eu não estou disposto a ficar exposto ao sol
Vá perguntar ao seu freguês do lado
Qual foi o resultado do futebol

Telefone ao menos uma vez
Para três, quatro, quatro, três, três, três
E ordene ao seu Osório
Que me mande um guarda-chuva aqui pro nosso escritório
Seu garçom me empresta algum dinheiro
Que eu deixei o meu com o bicheiro
Vá dizer ao seu gerente
Que pendure esta despesa no cabide ali em frente

Seu garçom faça o favor de me trazer depressa
Uma boa média que não seja requentada
Um pão bem quente com manteiga à beça
Um guardanapo e um copo d’água bem gelada
Feche a porta da direita com muito cuidado
Que eu não estou disposto a ficar exposto ao sol
Vá perguntar ao seu freguês do lado
Qual foi o resultado do futebol.



Duas Contas
Compositor: Garoto


Teus olhos são duas contas pequeninas
Qual duas pedras preciosas
Que brilham mais que o luar
São eles guias do meu caminho escuro
Cheios de desilusão e dor
Quisera que eles soubessem
O que representam pra mim
Fazendo que prossiga feliz
Ai, amor
A luz dos teus olhos.



Picola Marina
Compositor: Roberto de Carvalho / Antonio Bivar


Foi num bar lá em Picola Marina
Onde eu encontrei o amor
Era uma tarde deveras divina
E o rapaz me ofereceu uma flor

Foi num bar lá em Picola Marina
Onde eu encontrei o amor
Eu moça simples nem chique nem fina
Mas o rapaz me fez sentir um calor!

Eu estava tão tristinha
Pobrezinha, tão, tão só
Ele falou “sei lá o que”
Me deixa ser o seu xodó

“Keep smiling”.



Samba Italiano
Compositor: Adoniram Barbosa

Falado:
“Gioconda, pitina mia
Vai brincar ali no mareí no fundo
Mas atencione co os tubarone, ouvisto
Capito meu san benedito”

Piove, piove
Fa tempo que piove qua, gigi
E io, sempre io
Sotto la tua finestra
E vuoi senza me sentire
Ridere, ridere, ridere
Di questo infelice qui

Ti ricordi, Gioconda
Di quella sera in Guarujá
Quando il mare ti portava via
E me chiamaste
Aiuto,
marcello!
La tua Gioconda a paura di quest’onda.

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